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NÚCLEO MUSEOLÓGICO DA

Oficina de Tecelagem

MUSEU DE MÉRTOLA

Um dos mais antigos ofícios artesanais do concelho de Mértola é a Tecelagem de mantas de lã. Os motivos decorativos das mantas de Mértola têm influências no passado islâmico.

Podemos encontrá-los nos objetos usados diariamente nas casas islâmicas do bairro da Alcáçova. Na oficina de Tecelagem, as tecedeiras encarregam-se de fazer sobreviver esta tradição e manter vivo o ciclo completo da lã.

Tendo como base matéria prima de qualidade, utilizam as técnicas tradicionais de produção e as temáticas decorativas antigas que se apresentam em mantas, cobertores, tapetes, meias, gorros e outros objetos utilitários ou decorativos.

Núcleo Museológico da

Oficina de Tecelagem

Inauguração em 2000;
mudança de instalações em 2005;
remodelação da exposição em 2014

As Tecedeiras

E porque o trabalho tem rosto, atualmente na Oficina de Tecelagem de Mértola o som do tear é resultado das mãos hábeis e conhecedoras das tecedeiras Helena Rosa e Fátima Mestre.
Noutros tempos outras tecedeiras por aqui passaram como a grande Mestra D. Adélia, a Helena Costa ou a Guida Rosário só para referir algumas…

Não podemos esquecer também o trabalho imprescindível da cardação e da fiação que ainda é realizado pela D. Vitorina.

O Projeto HYPERTEXTILE é um ciclo de residências de formação, criação e investigação em arte têxtil dirigido a artistas visuais e designers. Desenvolvido pela Associação Cortéx Frontal, resulta da evolução natural do projeto Wireless, realizado em 2022 e 2023, com o apoio da Direção Geral das Artes, a Universidade de Évora, a Câmara Municipal de Arraiolos e a Universidade Magdalena Abanakowich de Poznan, na Polónia. Recebeu o apoio da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC) e pretende dar continuidade ao trabalho já iniciado e alargá-lo ao território português, nesta fase a Mértola e a Guimarães, criando fortes ligações para a criação de uma Rede de Arte Têxtil Contemporânea que promova a mobilidade, a criação e a investigação. No projeto participarão 40 artistas e designers que durante os anos de 2024 e 2025 vão realizar residências artísticas e, em 2026, as obras selecionadas serão expostas numa mostra itinerante.

Neste âmbito a Oficina de Tecelagem de Mértola recebeu entre 17 e 31 de outubro a designer Margarida Lopes Pereira. O seu trabalho foca-se no contexto doméstico – escala, objetos e materiais do quotidiano, assim como a exploração de técnicas artesanais, aplicadas a novos contextos. Realizou a residência na Oficina de Tecelagem de Mértola, onde contactou com as tecedeiras e desenvolveu trabalho de experimentação nos teares tradicionais, utilizando as técnicas, as matérias primas e os padrões decorativos numa abordagem pessoal e criativa.

Durante o mês de julho esteve em residência na Oficina de Tecelagem a designer Mónica Correia. De nacionalidade brasileira, é Professora Associada e responsável pelo Programa de Design 3D da Escola de Arte e História da Arte da Universidade do Iowa, nos Estados Unidos da América. Foi galardoada com o prestigiado Prémio “ICFF Editor’s Award for Best School”, em Nova Iorque, em 2015 e recebeu, com os seus estudantes o Prémio “SOFA CONNECT” que distingue o melhor ambiente de design, em Chicago, nos anos de 2014 e 2015.

Antes de se mudar para os EUA foi Professora na Escola de Arquitetura e Design de Interiores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil. Participou em diversas exposições e eventos de design, entre eles: “100% Design: Emerging Brands” e “DesignJunction” em Londres (Reino Unido); “EDIT DesignJunction”, em Milão (Itália); “International Contemporary Furniture Fair”, em Nova Iorque (EUA); e “BIO.23: Biennal of Design Show”, em Ljubljana (Eslovénia).

O seu interesse pela tecelagem tradicional de lã, especialmente pelo processo desenvolvido em Mértola, está relacionado com o seu percurso profissional e interesse pessoal nos saberes-fazer tradicionais da América do Sul e Portugal. A sua estadia na Oficina de Tecelagem teve o objetivo de perceber a contextualização histórica e a evolução desta técnica tradicional de transformação da lã, a tipologia de produtos e os padrões decorativos. Teve uma participação ativa no trabalho da Oficina e experimentou todas as fases do processo de execução, desde a cardação, fiação até à execução no tear.

Para mais informação sobre o trabalho da Mónica Correia consultar www.monicacorreia.com

No âmbito da parceria que a Câmara Municipal de Mértola mantém com a Associação Passa o Futuro e a Cooperativa Oficina de Tecelagem, decorreu ao longo dos meses de março e abril, a residência ALENTEJO HERITAGE TEXTILES, que interliga as tecedeiras da Oficina de Tecelagem de Mértola com as designers Emma Pucci e Valentina Pilia da Flores Textile Studio, e o maker Daniel Heer e o artista Cian McConn do Machen Colletive.

Estas Residências têm o objetivo de interligar a mestria das nossas tecedeiras ao design inovador de novos criadores, valorizando desta forma a matéria prima (lã) e o seu processamento artesanal desde a produção do fio à tecelagem das Mantas de Mértola.

Esta Residência faz parte do Projeto Creative wear + Project, cofinanciado pelo programa INTERREG MED, em parceria com o Arteria Lab da Universidade de Évora e o Museo del Tessuto di Prato em Itália. Os resultados serão exibidos no Museo del Tessuto, de Prato (Itália) em junho de 2022.

Para saber mais veja abaixo o link: https://www.passaaofuturo.com/residncia-alentejo-heritage-textiles

A tecelagem tradicional das mantas de lã de Mértola representa hoje a sobrevivência do que em tempos foi uma necessidade e uma forma de ganhar a vida e ajudar à sobrevivência da família. Há uns 50 anos a atividade da tecedeira era marcada por um acumular de trabalhos para venda nas feiras da região e para fazer face às muitas encomendas. Hoje a produção destina-se sobretudo a um público que quer ter em sua casa uma peça que represente a memória deste saber-fazer.

O complexo trabalho de preparação da lã, realizado em várias fases, é essencial para a qualidade do tecido. No passado este trabalho era realizado, ou acompanhado de perto, pela tecedeira que assim garantia a qualidade do seu trabalho e mantinha a sua reputação na comunidade. A execução do tecido de lã depende também do tear, uma engrenagem complexa, onde é imprescindível conhecer e perceber a funcionalidade de todos os elementos que o constituem.


Na Oficina de Tecelagem o visitante pode conhecer este trabalho e perceber a funcionalidade dos objetos expostos e em uso, representativos de uma atividade milenar que chegou até aos nossos dias. No entanto, a evolução da sociedade, as dificuldades inerentes à manutenção de uma produção tradicional e os problemas do despovoamento e desertificação das regiões do interior de Portugal, conduziram a um ponto em que a continuidade deste trabalho está em causa.


Este é o grande desafio que enfrentamos atualmente e que já se colocava há 4 décadas quando se realizou o primeiro levantamento sobre a tecelagem e se constituiu uma Cooperativa com o principal objetivo da formação. Passados 40 anos agudiza-se ainda mais a questão da continuidade: a produção das mantas de lã de Mértola é realizada por 2 tecedeiras, ambas com mais de 60 anos.
Esta situação motivou um debate alargado à comunidade e às instituições locais que, lideradas pela Autarquia, têm desenvolvido esforços para delinear uma estratégia comum que permita a preservação e continuidade do saber-fazer. Tendo como local central o Núcleo Museológico da Oficina de Tecelagem iniciou-se um processo formativo que pretende dar continuidade a todo o processo de tratamento da lã, desde a tosquia até à execução no tear.


Aqui vamos dar a conhecer as diversas fazer da aprendizagem das futuras tecedeiras – Nazaré Fabião e Rosa Ruivo.

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