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Cláudio Torres – Prémio Europeu do Património Cultural / Prémio Europa Nostra 2023 na categoria “Campeões do Património”

A Comisão Europeia e a Europa Nostra distinguiram o Professor Cláudio Torres com o Prémio Europeu do Património Cultural Europa Nostra 2023, na categoria Campeões do Património”, reconhecendo o seu distinto trabalho na promoção da valorização e conservação do património islâmico em Portugal, ao longo de mais de 45 anos, em que ele e o Campo Arqueológico de Mértola, desempenharam um papel fulcral.

Os 30 vencedores dos Prémios foram selecionados por um Júri composto por peritos em património oriundos de toda a Europa, após uma avaliação efetuada por Comites de Seleção responsáveis pela análise das candidaturas submetidas, tanto por organizações como por pessoas a título individual, de 35 países europeus.
Cecilia Bartoli, Presidente da Europa Nostra, declarou: “Felicito calorosamente os vencedores deste ano dos Prémios Europeus do Património/Prémios Europa Nostra pelo merecido reconhecimento. São exemplos inspiradores que contribuem verdadeiramente para a construção de uma Europa mais bonita, sustentável e inclusiva. As suas histórias de sucesso demonstram como a adversidade pode ser superada através do conhecimento, da dedicação, da criatividade e da inovação (…)”.

A nota de imprensa de junho de 2023 refere que “o Arqueólogo Cláudio Torres dedicou toda a sua vida à descoberta do passado islâmico em Portugal. Como professor em História Medieval na Universidade de Lisboa, Cláudio Torres observou que, embora tenha havido uma significativa presença islâmica em Portugal durante 500 anos, isso não tinha sido devidamente refletido na historiografia da época. Tal facto fez com que decidisse levar a cabo sua pesquisa em Mértola, uma pequena vila do sudeste de Portugal, onde estabeleceu o Campo Arqueológico de Mértola (CAM).

A antiga vila de Martulah (designação muçulmana de Mértola) foi uma importante urbe na Antiguidade e na Idade Média que foi perdendo relevância e caiu no
esquecimento. As escavações iniciadas por Cláudio Torres em 1978 revelaram uma riqueza patrimonial que transformou a compreeensão deste sítio para o mundo contemporâneo, e as suas importantes ligações a diversos pontos do Mediterrâneo. Entre as descobertas feitas está uma necrópole da Baixa Idade Média, um intrincado bairro islâmico e um impressionante complexo religioso paleocristão, juntamente com dois batistérios do século VI d.C. e mosaicos com uma forte influência bizantina.

Estas fascinantes escavações provaram ser o catalisador para um período de pesquisa e investigação já com mais de 45 anos. Desenvolveram-se núcleos museológicos, publicaram-se dezenas de livros e catálogos, e lançou-se uma revista de arqueologia medieval, entre outras iniciativas.
Mértola tornou-se um destino regular para académicos e investigadores. Acolheu conferências internacionais e muitos investigadores estrangeiros, oriundos sobretudo da Tunísia e Marrocos, visitam a vila e os seus sítios arqueológicos. Diversas gerações de arqueólogos, historiadores, antropólogos e conservadores-restauradores, entre outros, realizaram e realizam, aqui, os seus estágios profissionais.

O centro de investigação e a biblioteca de referência criada por Cláudio Torres, em Mértola, inclui uma unidade de investigação que trabalha em colaboração com as Universidades de Coimbra e do Algarve. O Festival Islâmico de Mértola, que se realiza de dois em dois anos e que em 2023 celebrou a 11ª edição, tem vindo a reforçar os laços com outros países que partilham a história e a cultura islâmica. A pequena vila da região do Alentejo, com pouco mais de 1.000 habitantes, tem atraído milhares de visitantes todos os anos, resultando num forte dinamismo da economia e do turismo. Um renovado orgulho estendeu-se também à comunidade local que esteve, desde o início, no centro do projeto e se tornou parte do seu próprio futuro e desenvolvimento. Entre os objetivos alcançados por Cláudio Torres esteve também a criação do Parque Natural do Vale do Guadiana, do qual foi o primeiro diretor.

«Enquanto construtor de pontes entre as culturas islâmica e cristã, Cláudio Torres desempenhou um papel fulcral na valorização e conservação do património islâmico em Portugal, que tem uma importância imensa para o património cultural europeu como um todo e que merece ser reconhecido e acarinhado. Ele foi além das práticas arqueológica convencionais e envolveu ativamente a comunidade local na salvaguarda e celebração do seu património comum. Tornou-se assim uma fonte de inpiração para muitas pessoas», afirmou o Júri dos Prémios.

«Também o notável contributo de Cláudio Torres para a classificação do Vale do Baixo Guadiana como Parque Natural evidencia a sua visão holística que ligou sempre a arqueologia, o património natural e cultural e o desenvolvimento local. A sua incansável disponibilidade para partilhar com outros e apoiar o trabalho de equipa foram fundamentais para o seu sucesso, juntando profissionais e criando uma equipa coesa que se mantém enraizada em Mértola», concluiu o Júri”.

A Cerimónia Europeia de Entrega dos Prémios teve lugar no dia 28 de setembro, no Palazzo del Cinema, em Veneza (itália) e depois a apresentação em Lisboa e na Universidade de Évora. No dia 11 de novembro é a vez de Mértola, numa ação organizada pelo Campo Arqueológico e a Câmara Muncipal, reconhecer o importante trabalho de Cláudio Torres e lhe prestar a devida homenagem e reconhecimento. O programa definido integra apresentações que evidenciam o seu trabalho tendo como mote “ Cláudio Torres e Mértola. Investigação, património, desenvolvimento local e futuro”.

Mais informações em https://claudiotorres.camertola.pt/

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