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Campanha de voluntariado na Encosta do Castelo de Mértola

Durante o mês de julho de 2021 decorreu mais uma campanha de escavações arqueológicas na Encosta do Castelo de Mértola, que contou com a presença de voluntários locais e de estudantes de universidades portuguesas, distribuídos por 2 turnos. 

À semelhança das edições anteriores esta campanha é uma organização conjunta do Campo Arqueológico de Mértola (CAM) e da Câmara Municipal de Mértola, cabendo ao primeiro a coordenação científica (no âmbito do Projeto Arqueologia in Progress – Turismo Arqueológico em Mértola) e, à segunda, o apoio logístico. Neste âmbito pretende dar-se seguimento às intervenções dos anos anteriores na Encosta do Castelo, de forma a permitir um maior conhecimento desta zona e das diversas estruturas que têm vindo a surgir, num ambiente de aprendizagem e de partilha de conhecimento.

Esta intervenção tem como objetivo dar continuidade à investigação deste local que integra um batistério da Antiguidade Tardia (séculos V/VI), estruturas residenciais do período islâmico e a necrópole medieval. Relativamente ao batistério II, “nos meses de junho e julho de 2013 a equipa do CAM iniciou uma escavação arqueológica na encosta do Castelo de Mértola, com o objetivo de compreender a sequência ocupacional daquela área. O edifício, onde se insere esta estrutura octogonal, encontra-se em fase de escavação, no entanto, os elementos existentes permitem-nos estimar a sua área de implantação em 262m2. (…) O lugar central é ocupado por uma piscina que tem uma largura exterior máxima de 4,80m, a profundidade máxima é de 1,52m, sendo de 1,16m de profundidade até ao orifício do desaguo. Interiormente, estrutura-se em degraus de distinta altura, sendo o fundo constituído por duas placas de mármore que formam um octógono irregular.

A quantidade de fragmentos de frescos, recolhidos nos estratos de derrubes, leva a equacionar um programa pictórico em que na composição se destacam figuras humanas, motivos geométricos e florais, e eventuais símbolos. (…) Apesar de não se conhecer o programa decorativo, os restos identificáveis parecem assemelhar-se aos programas pictóricos das pinturas das catacumbas de Roma ou com os frescos do Batistério de Barcelona (2ª metade do século VI d.C.). (…) Foram ainda identificados fragmentos de cancela junto ao batistério e na abside central, na possível zona do altar, e no pequeno tanque situado a norte do batistério. 

(…) Em regra, o batistério integra-se num conjunto arquitetónico em que diversos espaços têm funções precisas na organização do ritual. Na maioria dos casos conhecidos, o batistério estava situado ao lado da basílica principal, ou entre duas igrejas, no caso dos grupos episcopais. No caso de Mértola, com os dados disponíveis, não se pode definir com clareza o tipo de edifício a que o batistério estava associado. (…) Em termos cronológicos, (…) parece plausível que o batistério II se possa situar a partir da segunda metade do século V, não excluindo a possibilidade de se manter em funcionamento nas centúrias seguintes e ter sido contemporâneo do anteriormente descoberto”.

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